Para a minha doce Emily Senna
Hoje, conversando com uma velha amiga, falei de você.
Disse que estava apaixonado, que não parava de pensar, e como eu estava feliz.
Ela — Amelinha — respondeu: “Foi Deus quem fez você.”
Isso eu já sabia, mas ela insistiu em esclarecer.
Porque, antes de você, “foi Deus que fez o céu, o rancho das estrelas”
e “fez também o seresteiro para conversar com elas.”
“Fez a Lua que prateia minha estrada de sorrisos
e a serpente que expulsou mais de um milhão do paraíso.”
Eu, empolgado, tentei interrompê-la,
mas ela não permitiu.
Segurou minhas mãos e continuou:
“Foi Deus quem fez você, foi Deus que fez o amor.
Fez nascer a eternidade num momento de carinho.”
Acariciou meu rosto em pranto e murmurou:
“Fez até o anonimato dos afetos escondidos
e a saudade dos amores que já foram destruídos.”
Eu apenas repeti:
— Foi Deus.
Ela olhou meu olhar molhado e concluiu com doçura:
“Foi Deus que fez o vento que sopra os teus cabelos,
foi Deus quem fez o orvalho que molha o teu olhar, teu olhar.
Foi Deus que fez as noites e o violão plangente.
Foi Deus que fez a gente somente para amar, só para amar.”
Quando acordei, lembrei do que Amelinha pediu para eu dizer a você.
(Canção Foi Deus Quem Fez Você, letra de Luis Ramalho. Eternizada na voz de Amelinha)